08/04/2010 - 19h23
Do UOL Notícias* No Rio de Janeiro e em São Paulo
Trabalho noturno de resgate no morro do Bumba, em Niterói (RJ)
O Corpo de Bombeiros confirmou nesta quinta-feira (8) que 182 pessoas morreram vítimas das chuvas no Rio de Janeiro (veja mapa abaixo). Em Niterói, cidade mais atingida, o número de mortos ultrapassou cem no início da noite.
A situação mais grave está no morro do Bumba, em Niterói, onde 17 corpos de vítimas de um deslizamento na noite desta quarta foram encontrados. Equipes de resgate e prefeitura estimam que cerca de 200 pessoas moravam no local, onde existiam ao menos 50 casas, e podem estar soterradas.
Cerca de 300 homens, entre integrantes da Força Nacional de Segurança (FNS), policiais civis, bombeiros e policiais militares, trabalham nas operações de resgate no local. As buscas não têm prazo para terminar e, segundo o governador Sérgio Cabral (PMDB), devem durar cerca de duas semanas.
O subcomandante do Corpo de Bombeiros, coronel José Paulo Miranda, afirmou hoje (8) que será difícil resgatar alguém com vida. “Nós, bombeiros militares, dizemos sempre que trabalhamos pensando que vamos encontrar pessoas vivas. Nessa situação, nesse tipo de evento, é muito difícil isso. É um evento muito rápido, não há a menor condição das pessoas saírem com facilidade e há o problema do soterramento. Nós temos muito pouca esperança, a dificuldade é muito grande”, disse.
Área de lixão
O morro do Bumba, que hoje abriga moradias precárias, era ocupado por um antigo lixão. Em meio aos escombros é possível observar toneladas de lixo.
“Essa é uma área de alta suscetibilidade. Isso aqui é um lixão que se encharca muito mais rapidamente em comparação com outros morros. O solo vai ficando ensopado e ocorre a formação de gás metano. Com tudo isso, o ângulo estável fica muito menor. A prefeitura deveria ter um cadastro desta área, que é de altíssimo risco", afirmou Adalberto da Silva, professor de geologia do Instituto de Geociências da UFF (Universidade Federal Fluminense).
A secretária Estadual do Ambiente do Rio, Marilene Ramos, afirmou que o deslizamento pode ter sido provocado por uma explosão ocorrida quando o gás metano do lixão entrou em contato com a atmosfera movendo a terra que já estava debilitada pelo acúmulo de água da chuva.
O prefeito de Niterói, Jorge Roberto da Silveira, visitou o morro do Bumba nesta quinta-feira e afirmou que não sabia que as casas da região tinham sido construídas sobre um lixão. "Fui prefeito pela primeira vez há 20 anos e não tinha conhecimento desse lixão. Estamos estudando as causas do desmoronamento e vendo as consequências para o entorno".
A Polícia Civil informou que abriu um inquérito para apurar eventual responsabilidade do poder público no deslizamento.
Tragédia estadual
O temporal que provocou a tragédia no Estado do Rio teve início no final da tarde de segunda-feira (5) e levou o caos à capital e à região metropolitana, que praticamente pararam na terça-feira. Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), somente na terça-feira choveu mais do que o esperado para todo o mês de abril na região.
Segundo a Defesa Civil do Estado, o número de desabrigados em municípios das regiões metropolitana, Baixada Fluminense, Baixada Litorânea e Serrana mais atingidos pelas chuvas dos últimos dias é de 3.262, enquanto que o total de desalojados já soma 11.439 pessoas. Somente na capital, são cerca de 5.000 desabrigados.
Depoimentos
Centenas de pessoas estão no morro do Bumba à espera de notícias sobre parentes desaparecidos e amigos. Gisele Barbosa, 27, presenciou o deslizamento. "Parecia um filme de terror. As pessoas começavam a gritar e, em instantes, eram levadas pela terra. Gritavam, morriam. Gritavam, morriam", descreve ela, que não perdeu a mãe por sorte. "A casa dela desabou todinha. Mas ela tinha ido recarregar o celular naquela hora", comemora.
Felipe de Souza, 21, pizzaiolo, disse que o cenário no local é de terror. “Ouvi um barulho muito forte. Um estrondo. E vi todo mundo gritando 'sai, sai, sai'. Logo depois veio tudo abaixo. A situação é caótica. Tem muita gente soterrada ali.”
A aposentada Sueli Campos, também relatou o que viu. “Tava tudo escuro, as pessoas mal conseguiam andar. Meu marido se quebrou todo. Estou só com a roupa do corpo”, disse, aos prantos.
O vendedor Carlos Eduardo Moreira, 24, permanece, desolado, no local, à espera de um milagre. “Estão falando em 40, 60 casas, mas e as pessoas? Tem com certeza mais de 60 pessoas soterradas lá. A família inteira do meu vizinho foi embora junto com a lama. Só na casa dele tinha sete pessoas”.
Alerta
Na capital fluminense, o prefeito Eduardo Paes (PMDB) voltou a recomendar hoje que as famílias deixem as áreas de risco e busquem abrigo em outros locais. Segundo a prefeitura, ainda há muitos riscos de deslizamento nas encostas da cidade.
Paes também alertou que os problemas no trânsito da capital do Estado devem continuar em razão de várias vias ainda estarem bloqueadas. "Por isso, pedimos de novo que as pessoas que não tiverem obrigação de sair que não o façam, e que busquem fazer carona solidária, auxiliando os vizinhos e desafogando o tráfego."
*Com informações de André Naddeo e Fábia Oliveira, do UOL Notícias em Niterói (RJ), da Agência Estado e Folha Online
Origem: UOL Notícias - Cotidiano
Atualizada às 22h28
O Corpo de Bombeiros confirmou nesta quinta-feira (8) que 182 pessoas morreram vítimas das chuvas no Rio de Janeiro (veja mapa abaixo). Em Niterói, cidade mais atingida, o número de mortos ultrapassou cem no início da noite.
A situação mais grave está no morro do Bumba, em Niterói, onde 17 corpos de vítimas de um deslizamento na noite desta quarta foram encontrados. Equipes de resgate e prefeitura estimam que cerca de 200 pessoas moravam no local, onde existiam ao menos 50 casas, e podem estar soterradas.
Cerca de 300 homens, entre integrantes da Força Nacional de Segurança (FNS), policiais civis, bombeiros e policiais militares, trabalham nas operações de resgate no local. As buscas não têm prazo para terminar e, segundo o governador Sérgio Cabral (PMDB), devem durar cerca de duas semanas.
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Área de lixão
O morro do Bumba, que hoje abriga moradias precárias, era ocupado por um antigo lixão. Em meio aos escombros é possível observar toneladas de lixo.
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“Essa é uma área de alta suscetibilidade. Isso aqui é um lixão que se encharca muito mais rapidamente em comparação com outros morros. O solo vai ficando ensopado e ocorre a formação de gás metano. Com tudo isso, o ângulo estável fica muito menor. A prefeitura deveria ter um cadastro desta área, que é de altíssimo risco", afirmou Adalberto da Silva, professor de geologia do Instituto de Geociências da UFF (Universidade Federal Fluminense).
A secretária Estadual do Ambiente do Rio, Marilene Ramos, afirmou que o deslizamento pode ter sido provocado por uma explosão ocorrida quando o gás metano do lixão entrou em contato com a atmosfera movendo a terra que já estava debilitada pelo acúmulo de água da chuva.
O prefeito de Niterói, Jorge Roberto da Silveira, visitou o morro do Bumba nesta quinta-feira e afirmou que não sabia que as casas da região tinham sido construídas sobre um lixão. "Fui prefeito pela primeira vez há 20 anos e não tinha conhecimento desse lixão. Estamos estudando as causas do desmoronamento e vendo as consequências para o entorno".
A Polícia Civil informou que abriu um inquérito para apurar eventual responsabilidade do poder público no deslizamento.
Tragédia estadual
O temporal que provocou a tragédia no Estado do Rio teve início no final da tarde de segunda-feira (5) e levou o caos à capital e à região metropolitana, que praticamente pararam na terça-feira. Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), somente na terça-feira choveu mais do que o esperado para todo o mês de abril na região.
Segundo a Defesa Civil do Estado, o número de desabrigados em municípios das regiões metropolitana, Baixada Fluminense, Baixada Litorânea e Serrana mais atingidos pelas chuvas dos últimos dias é de 3.262, enquanto que o total de desalojados já soma 11.439 pessoas. Somente na capital, são cerca de 5.000 desabrigados.
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Centenas de pessoas estão no morro do Bumba à espera de notícias sobre parentes desaparecidos e amigos. Gisele Barbosa, 27, presenciou o deslizamento. "Parecia um filme de terror. As pessoas começavam a gritar e, em instantes, eram levadas pela terra. Gritavam, morriam. Gritavam, morriam", descreve ela, que não perdeu a mãe por sorte. "A casa dela desabou todinha. Mas ela tinha ido recarregar o celular naquela hora", comemora.
Felipe de Souza, 21, pizzaiolo, disse que o cenário no local é de terror. “Ouvi um barulho muito forte. Um estrondo. E vi todo mundo gritando 'sai, sai, sai'. Logo depois veio tudo abaixo. A situação é caótica. Tem muita gente soterrada ali.”
A aposentada Sueli Campos, também relatou o que viu. “Tava tudo escuro, as pessoas mal conseguiam andar. Meu marido se quebrou todo. Estou só com a roupa do corpo”, disse, aos prantos.
O vendedor Carlos Eduardo Moreira, 24, permanece, desolado, no local, à espera de um milagre. “Estão falando em 40, 60 casas, mas e as pessoas? Tem com certeza mais de 60 pessoas soterradas lá. A família inteira do meu vizinho foi embora junto com a lama. Só na casa dele tinha sete pessoas”.
Alerta
Na capital fluminense, o prefeito Eduardo Paes (PMDB) voltou a recomendar hoje que as famílias deixem as áreas de risco e busquem abrigo em outros locais. Segundo a prefeitura, ainda há muitos riscos de deslizamento nas encostas da cidade.
Paes também alertou que os problemas no trânsito da capital do Estado devem continuar em razão de várias vias ainda estarem bloqueadas. "Por isso, pedimos de novo que as pessoas que não tiverem obrigação de sair que não o façam, e que busquem fazer carona solidária, auxiliando os vizinhos e desafogando o tráfego."
*Com informações de André Naddeo e Fábia Oliveira, do UOL Notícias em Niterói (RJ), da Agência Estado e Folha Online
Origem: UOL Notícias - Cotidiano
Minha opinião:
Muitas vítimas. Mas não da chuva em si. E sim do descaso da autoridades, que não fiscalizam construções irregulares, e da própria população, que joga lixo nas ruas e encostas e constrói em locais impróprios.
(Lєαη∂яσ Mαια Gσηçαℓνєѕ)
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