quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Por toda minha vida com RPM: Vivos para contar a sua (verdadeira) história

“Como Lobão já dizia ‘É melhor viver dez ano a mil do que mil anos a dez” e eu não trocaria esses cinco anos com o RPM por uma banda de 20, 25, 30 anos de carreira” (Paulo Ricardo)

Até hoje, todos os programas Por Toda a Minha Vida tratavam de relembrar célebres carreiras de personalidades que já morreram. Desde o primeiro, que foi ao ar em dezembro de 2006 biografando Elis Regina até o dia 28 de outubro, com Adoniran, todos, sem exeção, não tiveram a chance de ouro dada ao RPM na última quinta-feira, dia 4, de poder contar a sua própria história.

“Foi muito triste olhar para a cara do Luiz e falar: Game over” (Fernando Deluqui)

No programa sobre RPM todos estavam vivos e, justamente por esse motivo, conseguiram, sem melindres, nos mostrar por meio de seus erros e acertos detalhes de tudo que levou à ascenção e queda de uma das maiores bandas de rock nacional que esse país já teve.

“A primeira coisa seria tirar a cocaína da jogada. Só isso acho que mudaria totalmente a história.” (P.A.)

O grande mérito do programa foi contar a história do RPM, sob a direção precisa de Flávio Nascimento, enquanto banda, enquanto fenômeno, no início dos anos 80. Não perdeu tempo, até porque não tinha, em destrinchar a carreira solo de seus integrantes e nem as intermináveis idas e voltas da banda. Foi emocionante, sincero e tirou diversos esqueletos do armário sobretudo quanto ao assunto drogas, brigas de egos e incompatibilidades de gênios que os levaram à destruição.

Um dos pontos fortes e bem explorados pela produção foi mostrar o quanto Paulo Ricardo atiçava os desejos sexuais de todos a seu redor. Invariavelmente, todos a sua volta se rendiam ao seu olhar 43 (que, segundo a lenda é o grau de miopia do vocalista: 4 no olho direito e 3 no esquerdo). Ney Matogrosso, Caetano Veloso, repórteres, fãs, todos o olhavam como se quisessem sugar um pouco da sensualidade do jovem de vinte e poucos anos.

Paulo Ricardo é ícone, haja o que houver. Independente do que tenha acontecido pós-RPM, seu passado o coloca em um Olimpo brasileiro habitado por poucos. Se tivesse morrido no auge da carreira talvez seria tão idolatrado quanto algumas lendas internacionais que – parafraseando Janis – viveram muito, morreram jovem e se tornaram em cadáveres atraentes.

A mágoa que, mesmo depois de tantos retornos e anos que se passaram, nos depoimentos de seus integrantes, ainda parece pairar sobre o RPM o que foi responsável por momentos que eu considero memoráveis tanto para a banda como lenda, quanto para o programa.

“Tinha duas lideranças que eram o Paulo Ricardo e o Schiavon. O Schiavon era praticamente o produtor musical, diretor musical da coisa e o Paulo era o líder, né? O vocal leader e havia sempre divergências entre eles.” (Denis Carvalho)

“Normalmente a imprensa fala ‘os Stones, liderado por Mick Jagger’. Não é o Mick Jagger. É o Richards, que é o líder músical. Independente da música que você está tocando, não precisa ser minha, não é isso.. mas na hora em que você está ensaiando tem que ter um cara que diga ‘isso tá errado!’ (Schiavon)

Depois de tantos retornos, numa demonstração de sabedoria ou cansaço, Paulo Ricardo e os demais parecem ter deixado o mito RPM descansar em paz e deram dignidade a um dos mais curtos fenômenos do rock BR, embora nova reunião nunca tenha sido um assunto descartado definitivamente. O fato é que o RPM como conhecíamos está morto. Vida longa ao RPM!


Fonte:
Hit Na Rede

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